domingo, 22 de novembro de 2009

O Espetáculo não pode parar

Image

Fruto das discussões da classe artística, especialmente da classe teatral, o antigo cine-teatro de Aracati situado à Rua Grande fora denominado por Decreto Legislativo de Cine-Teatro Municipal Francisca Clotilde-CTFC.

A proposição de denominação do teatro fora do vereador Marcos Monteiro, apresentada em plenário da Câmara Municipal através do projeto de decreto de número 030/2009 apresentado em sessão ordinária do dia 5 de novembro de 2009. Naquela oportunidade o vereador requereu àquela casa a justa homenagem a escritora, dramaturga, jornalista e educadora Francisca Clotilde que em muito colaborou para o fortalecimento da cultura em Aracati. Além do decreto o vereador Ricardo Sales requereu verbalmente o título de cidadã aracatiense para a escritora. Tanto o decreto que dá nome ao teatro quanto o título de cidadã aracatiense foram aprovados por unanimidade.

O antigo cine-teatro de Aracati de propriedade do Círculo Operário São José, instituição que atuou por décadas junto à classe operária em Aracati no início do século XX, esteve sob o comando do artista plástico Hélio Santos que alugara o espaço e o transformara, de fato, no teatro da cidade. Foi de Hélio Santos a homenagem simbólica a Francisca Clotilde ao pintar na fachada do cine-teatro o nome “Teatro Francisca Clotilde”. O teatro ao longo de mais de uma década fora palco para diversas manifestações da cultura aracatiense a exemplo das apresentações dos grupos Lua Cheia, Carruagem, Retalhos, Teatro de Bonecos Francisca Clotilde e de outras companhias do sul do país entre as quais podemos citar: Kapota Mais Não Breka, Humatriz Teatro e Las Cabaças. Todavia o teatro funcionava precariamente, pois o mesmo era mantido única e exclusivamente pelo Centro de Arte e Cultura Aracati, capitaneado pelo artista plástico Hélio Santos. Segundo relatos do próprio artista: “havia suspeita, de nossa parte, que a estrutura do telhado da sala de espetáculos bem como de todo o prédio estaria comprometida pelas evidências que encontrávamos. Sempre após uma chuva os salões ficavam alagados por conta das infiltrações e isto em muito nos preocupou. Quando removemos o forro, instalado na sala de espetáculos, nossa suspeita fora confirmada: havia um deslocamento da estrutura do telhado. Com isso interditamos, por conta própria, as atividades com o teatro e iniciamos em parceria com o Fórum de Cultura de Aracati uma campanha para resolver o problema”.

A campanha “O espetáculo não pode parar” lançada em solenidade realizada no Teatro Francisca Clotilde, em 19 de dezembro de 2007, conseguiu envolver diversos segmentos da sociedade aracatiense a fim de discutir a situação em que se encontrava o referido prédio. Após diversas tentativas para sensibilizar o poder público local foi somente a partir da intervenção do Ministério Público, membro do Fórum de Cultura de Aracati, através do Promotor Sr. Alexandre Alcântara, que o movimento ganhou novo ânimo. Em 2008 o Ministério Público requereu à prefeitura municipal de Aracati a desapropriação do citado teatro e que fossem realizados os serviços necessários para a sua consolidação, a fim de que o mesmo cumprisse sua vocação como importante instrumento para o fomento da arte e cultura. Aos cinco dias do mês de maio de 2008 o prefeito, Sr. Expedito Ferreira, através do decreto de número 0250/2008 declara de utilidade pública o citado imóvel e dá outras providências.

O Núcleo de Apoio ao Sítio Histórico de Aracati, responsável pelos trabalhos no CTFC, trabalha na perspectiva de restauração do Cine-Teatro Francisca Clotilde-CTFC através de verba federal via Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. O CTFC conquistou recentemente, através de projeto junto àquela instituição, um kit de áudio-visual para a criação do cine-clube de Aracati.
Os artistas e sociedade aracatiense anseiam, em breve, a inauguração do Cine-Teatro Francisca Clotilde porque o ESPETÁCULO NÃO PODE PARAR.



Mais sobre Francisca Clotilde


Image
Francisca Clotilde
Francisca Clotilde foi educadora, escritora, poetisa, dramaturga, contista e abolicionista. Nasceu em Tauá, região dos Inhamuns, em 1862. Morou em Fortaleza, Redenção, Baturité e Aracati. Nessa última cidade viveu até o fim de sua vida, em 1935.

Em Aracati fundou o Externato Santa Clotilde para meninas e meninos, considerado um dos melhores colégios da Região Jaguaribana. Ela se destacava pela pedagogia aplicada, pela utilização das artes, sobretudo o teatro, nas atividades escolares, além do ensino da língua francesa.

Francisca Clotilde participou ativamente dos movimentos abolicionistas e republicanos, escrevendo em diversos jornais sobre as questões políticas que aconteciam na época. Foi colaboradora da revista A Estrella, fundada em 1906 pela sua filha Antonietta Clotilde, e em 1902 lançou o romance A Divorciada, abordando uma temática extremamente polêmica para a época. Também fez artigos para jornais e revistas do Brasil e chegou a escrever em almanaques de Portugal.

Para saber mais acesse: www.solardasclotildes.art.br

fonte: www.luacheia.art.br